Realizamos um Bate-Papo com a Professora Iraci Gama com o intuito de
esclarecer as nossas duvidas em relação à escola. Ela por sua vez, além de
esclarecer as nossas duvidas, nos passou um pouco de seu conhecimento. Além de
saber sobre a escola, é claro, fizemos algumas perguntas sobre a mesma, e ela respondeu a todas com toda a sua simpatia e bom humor.
Confira a seguir!
Somos do Blog do
Colégio Estadual Maria José Bastos Silva. Feito por alunos, para alunos. E como
todo adolescente, nós queremos saber um pouco sobre a história da nossa escola.
Temos esse interesse, sabe? Para compartilhar com outras pessoas também, o que foi
passado para nós. Mas antes de fazermos algumas perguntas sobre a escola,
queremos saber: Quem é Iraci Gama, para Iraci Gama?
Eu me considero uma
pessoa que veio de uma família ferroviária. Nasci e me criei no meio da luta
dos ferroviários por dias melhores. E fui formando a minha tendência política a
partir daí, ou seja, sempre preocupada que o trabalhador tenha os seus direitos
garantidos, que a justiça social aconteça, e que a gente saiba que é importante
conhecer esses direitos e reivindicar tudo que é direito, e também praticar os
seus deveres. Então, esse esquema onde eu aprendi a ser gente, me fez deixar de
ser uma criança, pra ser uma adolescente que começava a despertar pra vida no
meio de uma sociedade, aqui em Alagoinhas, onde a categoria dos ferroviários
era a categoria melhor organizada. Depois dos ferroviários veio vindo a
Petrobrás, e aí os petroleiros também organizados, o comercio também foi se
organizando. A área educacional já de algum tempo que tenta, mas foi demorando
mais na organização, mas também foi se organizando e eu fui tendo a
oportunidade de ir contribuindo já com essa formação que eu recebi, e
contribuindo também, na formação de outras pessoas, e de outros...digamos
assim, sindicalistas, na intenção de ir formando e organizando pessoas que
pudessem contribuir pra sociedade. De modo que por mais que eu tenho saído do
esquema da ferrovia, fui fazer um curso de magistério, depois fui fazer o curso
de graduação, e fiz mais um curso de graduação, e depois um curso de
pós-graduação, e continuei lutando na área da educação e na área da cultura, na
área social. Mas a minha base de formação como pessoa aconteceu aí, no ambiente
da minha família no meio dos ferroviários que trabalhavam, e que honravam o seu
trabalho. E que desenvolviam esse potencial de que é importante você ser membro
de uma sociedade, contribuir pra essa sociedade, e ter a disposição de colocar
sempre esses valores: O valor da decência. O valor da honestidade. O valor da
seriedade, e do respeito ao próximo. Essas coisas que formaram a minha raiz.
Então eu me considero uma pessoa simples, e que vou continuar sendo simples, e
espero até que o dia que deus quiser andar por aqui, sendo assim: simples.
Antes de tudo meus
parabéns pela senhora ter conseguido o cargo de vice-prefeita da cidade. Qual
plano a senhora tem para Alagoinhas quando assumir o cargo em Janeiro?
Olha, nós não temos
planos isolados, porque nós somos uma co-ligação, eu sou do PV. O PV montou uma
estrutura (chamada de Plano de Governo), um conjunto de propostas, e esse
conjunto de propostas foi apresentado ao DEM, que é o Partido do Dr. Joaquim
Neto, que foi o candidato a prefeito, e nós fizemos varias discussões, e do
resultado dessas discussões vingou um plano que nós estamos considerando como
uma proposta de governo. Mas não como algo que a gente diz que vai realizar.
Primeiro, porque a gente pretende ouvir. Nós queremos ouvir as instituições.
Queremos ouvir as associações. Queremos ouvir as categorias. Então aquilo que a
gente botou ali, foi com base em algumas ideais. Particularmente essa área
cultural, assim.. Educacional, tem uma parte assim... Muito voltada para o
social, no que se refere às comunidades, no que se refere às quilombolas, no
que se refere não apenas quanto à questão dessa raiz cultural, mas também ao
que se faz com essas comunidades. É uma coisa que me preocupa muito, mas tudo
isso que a gente colocou aí, foi em face de uma experiência de vida de um
conjunto de informações que a gente obtém na VLI, e estamos então já agilizando
algumas coisas, antes mesmo de tomar posse. Mas aquilo que já foi amplamente
discutido, já dá pra caminhar.
Qual
o objetivo da FIGAM?
A FIGAM cumpre um
objetivo velho (velho em termos de tempo), porque nós estamos representando um
ideal que nasce por volta de 1978. Naquele tempo, nós tínhamos um trabalho na
faculdade, e nesse trabalho aceitamos uma sugestão da Fundação Cultural do
Estado pra realizar um contato com os artistas da terra, e começamos então a
organizar esse material que chamamos hoje de acervo. Esse acervo cultural que
representa um pouco da nossa memória. Então, como isso começou naquele tempo,
sempre que fomos realizando uma exposição, e alguém trazia mais alguma coisa o
acervo ia aumentando. Depois íamos fazendo pesquisas, ou encontrava matérias
nos jornais, preparava um banner, montava um esquema. Aparecia alguém que tinha
feito uma maquete, a gente providenciava trazer essa maquete, e assim esse
acervo foi se ampliando. E de 1978 pra cá, nós tivemos, em 1978 era um grupo de
estudantes, do Curso de Letras e do Curso de Estudos Sociais que eram os dois
cursos da época. Depois também algumas pessoas da comunidade, alguns artistas.
Em 1980 nós criamos o grupo Pró Memória de Alagoinhas. Em 1985 criamos a Casa
da Cultura de Alagoinhas, e aí tivemos que sair do prédio, porque vinha o Curso
de História a noite, e nós fomos para a Academia La Dance, de Jô Correa. A
primeira sede da Casa da Cultura foi na Academia dela. E da Casa da Cultura nós
criamos a Secretária de Cultura, e acreditamos que assim o apoio oficial da prefeitura
o movimento cultural deslancharia e não precisaria de nós, mas isso não foi
verdade. Aí, vai lá, vem cá, criamos a FIGAM. Na verdade, nós nem criamos a
FIGAM. A FIGAM dizem que é uma homenagem, eu nunca vi homenagem mais
complicada, viu?! Mas é uma homenagem que um professor da UNEB quis me prestar.
Ele já tinha um material preparado, com a fundação com o nome dele Luiz Ademir,
e aí mandou para um grupo que era ligado a mim, que era o grupo de Chico Reis,
e eles assumiram. A fundação tem o objetivo de manter toda essa tradição que
veio da Faculdade, da Casa da Cultura, da Secretaria, e de trabalhar a memória
da cidade, de fazer regastes, exposições, colocar o material a serviço da
comunidade que é isso que acontece aqui.
Fugindo um pouco do assunto. Quais informações a senhora pode nos
oferecer em relação à história do Colégio Estadual Maria José Bastos Silva?
A história do colégio,
eu diria o seguinte: É um costume já antigo, dar a colégios nomes de pessoas
importantes para a comunidade. Os colégios são construídos em função de
estudantes naquela faixa etária. Pequenas escolas como acontece na zona rural,
ou fazer escolas maiores quando vai atender uma quantidade maior de estudantes,
ou quando, no caso de vocês o Maria José Bastos atendia somente ao chamado
ensino secundário, que hoje é chamado fundamental. O fundamental um, que hoje é
do município. Todo fundamental, na verdade, é responsabilidade do município, e
o colégio de vocês é responsabilidade do estado. Quando ele foi construído,
como de costume, a construção já implica também em buscar uma identificação. E
Maria José Bastos foi escolhida, porque ela foi uma professora daqui de
Alagoinhas. Ela foi minha professora, quando eu fiz o 4º ano primário. A escola
dela era no 13 de maio, inclusive a escola dela se chamava 13 de maio. Ela era
uma pessoa muito educada, muito meiga, muito jeitosa, e eu sempre fui uma aluna
muito agitada. E Maria José Bastos tinha uma paciência.. E eu conheci a família
dela, Clovis Teles, que era o marido dela. Era um homem muito culto, muito
preparado. Ele foi secretario de governo aqui, no tempo de Murilo Cavalcante.
Mas ele, este homem assim, politicamente preparado, era um poeta também. Então,
esse Clovis Teles era casado com Maria José. Agora, eu infelizmente não tinha muitas
informações, porque quando eu fui aluna dela, eu tinha dez anos. A lembrança
que eu tenho de Maria José é uma lembrança doce, porque ela, na verdade, o
apelido dela era Zezé.Eu considero que é muito valiosa essa homenagem que se
presta a Maria José Bastos.
Por: Milena Silva e Sara Paloma